“Eu sabia que você iria desistir dessa loucura de viver sem mim.”

domingo, 3 de julho de 2011 às 15:15

      Denise acordou inquieta, indecisa, frustrada. Não era fácil tomar aquela decisão, não só o futuro dela, mas o futuro dele também estava em jogo. Apesar de tudo está certo, estava errado, estranho, indeciso. Ela não suportava a idéia de não vê-lo nunca mais. Com seus olhos ainda fechados, relembrou de todos os momentos que passaram juntos e isso a torturava. Por causa da campainha, seu corpo tremeu, mas não hesitou em atender.
     Na porta estava Marcos, vestido com um jeans velho que Denise havia lhe dado no verão retrasado, com uma blusa um tanto quanto amassada e com seus olhos cheios de lágrimas.
    Não vá Denise, prometa-me que você não vá – Disse Marcos com sua voz tremula
    Não me faça prometer o que não posso cumprir. Você sabe que eu te amo... Mas o destino quis assim. ­– disse Denise com sua voz frigida, tentando esconder seu sentimento, tentando não se sentir tão vulnerável.
    E o nosso amor, todos os anos que passamos juntos... Não é possível que você vá colocar sua profissão em cima do nosso amor – Nesse momento Marcos já não conseguia mais controlar suas emoções, sua voz chorava e clamava pra ela ficar.
    Eu te amo, mas eu amo o que faço, não vou abrir mão disso nem por você, nem pelo nosso amor –– O tom da voz de Denise era grosseira, rancorosa, estúpida.
    Denise, eu confio em você! Quando você tiver a caminho do aeroporto, leia isso. – Marcos a entregou um envelope e foi andando em direção ao nada.
    Denise desconfiada pegou o envelope e acompanhou atentamente Marcos sumir de seu olhar.
    Denise era morena, seus cabelos cacheados davam um traço especial em seu rosto, seu corpo escultural chamava atenção, porém, não era isso que mais se admirava nela, havia algo malicioso em seu sorriso, algo misterioso em seu olhar. Seu sorriso e sua boca casavam-se, combinavam-se, somavam-se e isso que deixava Marcos mais apaixonado. Marcos sempre foi de família nobre, de espírito sossegado, meio nem aí para a vida. Ele já havia se formado e tinha um emprego estável. Seus cabelos eram lisos e pretos, com os olhos verdes e um belo corpo físico. Denise e Marcos iriam completar sete anos juntos no mês que viria, porém todos os planos de Marcos foram jogados fora quando Denise o informou que precisaria sair do país a trabalho e o mais torturante, teria que morar lá. Ele tentou convencê-la a ficar, ou até mesmo a ir juntos, mas como era de costume ela não aceitou, assim como não aceitou a idéia de casamento há dois anos.
    Denise olhou para o relógio e percebeu que já estava se atrasando, logo sua mãe chegou e as duas foram juntas para o aeroporto.
    Denise, minha filha. Eu sentirei muito a sua falta, por favor, se cuida e me mande noticias sempre que puder. – disse sua mãe com tom preocupado.
    Mãe fique tranqüila, tudo dará certo. – a voz de Denise era convincente, mas... Ela não estava tão segura assim, e isso a preocupava.
    Denise se despediu de sua mãe, e foi para a fila de embarque, quando chegou ao avião, sentada... Lembrou-se do envelope que Marcos a entregou horas atrás, e quando sentiu o avião decolar, abriu atentamente e lá estava escrito tais palavras como:

     Eu sabia meu amor, eu sabia que você iria desistir dessa loucura de viver sem mim. Eu te amo muito... Desde o começo eu sabia que o que você sentia por mim é maior que isso. Venha correndo me amar, quero logo te ver aqui.

    Uma lágrima escorreu de seu rosto, e olhando para a janela, admirou a beleza das nuvens, desejando que algum dia o destino reaproximasse-os.


                                                                                Caroline Nunes Santana.

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